Comando Vermelho impõe terror em Eunápolis com execuções, atentados e domínio territorial
Facção criminosa se expande no sul da Bahia após fuga em massa no presídio local e está ligada a esquartejamento de motorista, atentado a diretor de prisão e aumento da violência nos bairros
Muros, postes, janelas e portas pichados com as iniciais "CVTD2" e "CV2" anunciaram a chegada de uma das facções mais violentas do Brasil, o Comando Vermelho (CV), em Eunápolis, no sul da Bahia. Desde então, a cidade vive dias de terror: moradores sendo abordados nas ruas, execuções brutais, confrontos armados e até um atentado a tiros contra o diretor do Conjunto Penal de Eunápolis. A população vive em estado de medo constante.
O cenário de violência começou a se intensificar após a fuga em massa de 16 presos, em dezembro de 2023, da unidade prisional local — ação facilitada por uma invasão armada. Entre os fugitivos estava Ednaldo Pereira Souza, o "Dadá", então líder do Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), grupo com conexões com o PCC. Após a fuga, Dadá teria rompido com o PCC, se abrigado no Rio de Janeiro e, com apoio local, convertido o PCE em uma célula do CV, assumindo o controle das áreas antes dominadas pela facção rival.
Bairros como Juca Rosa, Alecrim, Parque da Renovação e Paquetá tornaram-se territórios dominados pelo CV, onde a população denuncia abordagens, revistas forçadas e ameaças de morte. “Estão parando carros, pedindo documentos, invadindo celulares e sentenciando pessoas. A vida não vale mais nada”, relatou um servidor público local.
O ataque mais recente, ocorrido no dia 20 de maio, teve como alvo Jorge Magno Alves, diretor do presídio, que escapou ileso. O carro alvejado por 20 homens armados com fuzis e roupas camufladas estava sendo usado por um prestador de serviço do presídio, que ficou ferido. A operação resultou na prisão de um casal ligado ao CV em Itapebi. Eles confessaram envolvimento no atentado.
Outro crime que causou comoção foi o assassinato do motorista de aplicativo Weverton Antônio dos Santos, 28 anos, sequestrado, torturado e esquartejado no dia 13 de maio. A facção o acusava de ser informante da polícia. Um vídeo da execução foi enviado à família e à polícia, servindo como recado explícito à força de segurança.
A escalada da violência reacende os alarmes para uma cidade já marcada por altos índices de homicídios. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Eunápolis foi a 19ª cidade mais violenta do país em 2022, com taxa de 56,3 mortes por 100 mil habitantes.
Casos recentes como o assassinato da adolescente Núbia Matos, tiroteios perto do IFBA, e execuções à luz do dia aumentam a sensação de insegurança. A presidente da OAB local, Kátia Regina Taurinho, fez um apelo por medidas emergenciais. “Se até o Estado está sendo atacado, o que esperar? A população está aterrorizada e desamparada.”
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia foi procurada para comentar as ações de enfrentamento à criminalidade, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.
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