Acordo da Vale e Samarco sobre desastre de Mariana é premiado e revolta atingidos
Reconhecimento internacional ao pacto firmado no Brasil ignora insatisfação de vítimas, que denunciam indenizações insuficientes e lentidão na reparação

O acordo firmado entre a Vale, a Samarco e autoridades brasileiras, relacionado ao rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), foi premiado como “acordo do ano” pelo Latin Lawyer Awards, premiação que reconhece grandes operações jurídicas na América Latina. O reconhecimento gerou forte reação negativa entre os atingidos pelo desastre, ocorrido em 2015.
“Só no Brasil mesmo que acontecem essas coisas. É com muita tristeza e revolta que recebo a notícia de que os advogados e escritórios que representam as empresas assassinas Samarco, Vale e BHP receberam esse prêmio”, afirmou Mônica dos Santos, moradora do distrito de Bento Rodrigues e integrante da Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF). Ela destaca que as perdas humanas e materiais continuam sendo ignoradas: “Empresas que ceifaram 20 vidas no dia 5 de novembro de 2015. Outras 81 pessoas da comunidade morreram nos últimos 10 anos, a maioria sem conseguir entrar em suas novas casas ou receber indenização.”
O escritório Pogust Goodhead, que representa vítimas em uma ação judicial no Reino Unido, também criticou a premiação. A firma lembrou que cerca de 400 mil atingidos recusaram ou ficaram inelegíveis para o valor de R$ 35 mil oferecido pelas mineradoras por considerarem a quantia insuficiente. Além disso, quase metade dos municípios atingidos — incluindo Mariana — rejeitou o acordo brasileiro, que prevê um pagamento em até 20 anos.
Enquanto o pacto nacional prevê R$ 132 bilhões em novos recursos (totalizando R$ 170 bilhões ao incluir compromissos anteriores), a ação movida no Reino Unido busca uma reparação de cerca de R$ 230 bilhões. As vítimas esperam que a Justiça britânica ofereça um caminho mais célere e justo para a responsabilização das mineradoras.
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